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Marte Um (2022) e o 50º Festival de Cinema de Gramado 2022

As contradições da Serra Gaúcha 5.0 Narigadas, Brasil, Minas Gerais, 2022     Passados dois anos após o início dos efeitos da pandemia da Covid-19 no Brasil, que depois de um desastre social com milhares de mortes e famílias desoladas pelas perdas de seus queridos, as pessoas estão tentando dar continuidade as suas atividades profissionais, sociais e culturais, felizmente começou o Festival de Cinema de Gramado, que comemorando em 2022 o seu quinquagésimo aniversário se consagra como o mais longevo e ininterrupto evento de cinema do Brasil.     Notoriamente, e apesar de já ser um adulto com uma experiência de décadas, o evento teve uma curadoria que trouxe um fôlego impressionante para o cinquentão, revelando uma realidade de um país que dificilmente seria conhecida se não pelas artes, no qual quase todos os filmes selecionados trazem histórias de pessoas vitimizadas em razão da cor de sua pele, de suas condições sociais, de suas características de gênero e de sua origem geográfica.  

Pequena Mamãe (2021)

Do visual ao textual 5.0 Narigadas, França , 2021     No fim do ano de 2019 eu tomei conhecimento daquela que se tornaria uma das maiores realizadoras do cinema que eu já conhecera, e através de sua produção mais arrebatadora, o filme Retrato de Uma Jovem em Chamas ,  Céline Sciamma, diretora, roteirista,  feminista e francesa, entrou para lista das pessoas que eu assistiria sem medo qualquer filme produzido por ela. E este foi o caso deste Pequena Mamãe.     O mais incrível é que este Pequena Mamãe é uma produção muito, mas muito diferente daquele da jovem em chamas de 2019, e esta brutal diferença é o que mais impressiona. Verdade seja dita é que Sciamma fala o que precisa dizer - e fala muito, especialmente sobre o que as mulheres vivem e sentem no seu âmago - através da sensibilidade de sua arte, e isto é comum a todos os filmes dela. Quero dizer que ela não é explícita e não joga na cara do espectador o que quer ser dito, mas sim o faz através dos elementos artísticos de suas prod

Tick, Tick... Boom! (2021)

E o Oscar deveria ir para... 4.5 Narigadas,  EUA, 2021     Uma vez mais estive num dos lugares que mais gosto, Bombinhas em Santa Catarina, e além de toda a beleza e divertimento que este paraíso proporciona ainda curti alguns filmes que concorrerão ao Oscar de 2022, com destaque para este Tick, Tick... Boom! que está disponível na Netflix.     Quando encontro filmes produzidos em Hollywood e que são biografias costumo torcer o nariz por imaginar que vou me deparar com coisas como "A Teoria da Imitação", "A Teoria de Tudo", "Estrelas Além do Tempo", dentre outras tragédias, mas felizmente tive uma grata surpresa nesta história que conta a brilhante e curta carreira do escritor Jonathon Larson.    O filme é eficaz em contar a jornada de Larson na busca de sua realização profissional, mas o que difere a produção dirigida por Lin-Manuel Miranda é o seu formato - que inclusive é um musical, tal como o estilo de produção teatral do biografado - a excelente inte

Lamb (2021)

A utilidade dos filmes ruins 2.0 Narigadas, Islândia, Polônia, Suécia , 2021     Já faz bastante tempo que uso uma frase de efeito para tentar me fazer entender sobre um pouco do jeito que exerço a minha cinefilia, e ela explica um sentimento que me move pelo grande mundo do cinema: "um filme somente é bom ou ruim depois de você assisti-lo". Isso quer dizer que mesmo que alguém não indique algum filme, ou algum site ou especialista não classifique positivamente uma obra cinematográfica, ou que ainda o filme não esteja laureado por algum prêmio, mesmo assim se por algum motivo há algum interesse em assisti-lo, ele deve ser assistido.      Sim, assista.      Isso se deve ao fato de eu considerar que uma das coisas mais importantes para quem curte uma obra artística é o sentimento que este ato vai gerar na pessoa, e como saber qual é a condição da pessoa que vai assistir ao filme, considerando que este é um fator muito relevante para aceitação ou não? Enfim, resumidamente e como

Licorice Pizza (2022)

Voltando em grande estilo! 4.5 Narigadas,  EUA, 2022     Muitas vezes neste caderno de cinema eu comento sobre a importância da maior festa do cinema mundial, o Oscar, e apesar das discussões sobre sua relevância nunca resultarem em um consenso, considero inegável que mesmo que discutível a premiação é sem dúvidas uma fonte de bons filmes para serem assistidos. Acompanhar a listagem dos filmes selecionados e assisti-los faz destes dias pré-festa (sim, o evento é chamado da festa do cinema) um momento muito gostoso para o cinéfilo.    Nesta toada, tenho seguido o intento de assistir a todos os filmes antes da premiação que ocorrerá dia 27 de março de 2022, e este "Licorice Pizza" eu pude curtir dentro da sala do Cine Plaza no Cine Passeio, o mais belo complexo de cinemas que conheço. Sério! E, além do excelente filme curtido e também do contexto antes da festa de premiação do Oscar, um elemento muito importante impactou demais este cinéfilo amador: a grande saudade de assistir

O Beijo no Asfalto (1981)

Contemporâneo é pouco! 4.5 Narigadas,  Brasil, 1981     Muitos se perguntam em quem Nelson Rodrigues votaria para presidente da república se estivesse vivo hoje, e muitos devem crer que seria para alguém ligado à direita, centro-direita, ou algo equivalente. E esta tendência de pensamento faz sentido analisando-se algumas declarações que ele dera em sua época (dá um google aí), no qual se declarava anticomunista e aparentemente um defensor da ditadura militar que corroeu o Brasil poucas décadas atrás.      Contudo, depois de assistir a um filme como este que é baseado em uma de suas obras literárias mais conhecidas, me pergunto se esta resposta seria tão óbvia quanto a afirmação acima.      O Beijo no Asfalto parece simples, mas não o vejo assim principalmente pelo ponto de vista dos personagens principais: Aprígio (o pai), Arandir (o marido), Dália (a irmã) e Selminha (a esposa). Estas quatro pessoas são ambíguas e é difícil se posicionar diante delas, pois em alguns momentos parecem