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Marte Um (2022) e o 50º Festival de Cinema de Gramado 2022

As contradições da Serra Gaúcha

5.0 Narigadas, Brasil, Minas Gerais, 2022

    Passados dois anos após o início dos efeitos da pandemia da Covid-19 no Brasil, que depois de um desastre social com milhares de mortes e famílias desoladas pelas perdas de seus queridos, as pessoas estão tentando dar continuidade as suas atividades profissionais, sociais e culturais, felizmente começou o Festival de Cinema de Gramado, que comemorando em 2022 o seu quinquagésimo aniversário se consagra como o mais longevo e ininterrupto evento de cinema do Brasil.

    Notoriamente, e apesar de já ser um adulto com uma experiência de décadas, o evento teve uma curadoria que trouxe um fôlego impressionante para o cinquentão, revelando uma realidade de um país que dificilmente seria conhecida se não pelas artes, no qual quase todos os filmes selecionados trazem histórias de pessoas vitimizadas em razão da cor de sua pele, de suas condições sociais, de suas características de gênero e de sua origem geográfica.

    Neste ponto uma absurda contradição é revelada, pois andando pela cidade de Gramado que está localizada na serra do Rio Grande do Sul, encontram-se diversos carros com adesivos exaltando o atual presidente da República, além de lojas de armas com facas grafadas com imagens do "mito", e muitas pessoas vaiando quem percorre o tapete vermelho com alguma menção dos candidatos políticos que serão adversários daquele que sempre defendeu a morte, a tortura, a segregação das minorias raciais, sociais, de gênero, o desmatamento descontrolado em favor do capital, a diminuição das proteções trabalhistas, além de ser contra qualquer avanço em discussões progressistas sociais e de comportamento das pessoas.

   A contradição é tão grotesca, que aquelas pessoas que defendem o indefensável, não têm ideia de que dentro do Palácio dos Festivais (o nome do teatro onde ocorre o evento do festival), a poucos metros da existência deles, são apresentadas histórias de mães que perdem seus filhos dentro de um cenário de extrema violência e complexidade social e cultural (filme A Mãe - São Paulo), de pessoas que são consumidas pelas drogas, num estado muito distante como o Acre, misturando discussões sobre os povos originários (Noites Alienígenas - Acre), de quem lutou pela democracia do Brasil (O Pastor e o Guerrilheiro - Distrito Federal), ou aquele que discute a postura de homens machões, machistas e controladores (A Porta ao Lado - Rio de Janeiro) ou ainda de quem luta para manter uma família unida, apesar de todos os desafios oriundos do trabalho, sociais e de uma cultura de exclusão de raça, de gênero, de identidade de gênero (Marte Um - Minas Gerais).

   Até mesmo as produções que carregam pouca discussão relevante trazem em seu âmago uma profunda contradição ao festival de cinema como o de Gramado que é cercado por reacionários retrógrados. Exemplo, o divertido Clube dos Anjos - Rio de Janeiro -, que foi baseado no livro escrito por Luis Fernando Veríssimo, escritor que numa ocasião disse "que o país atualmente não é governado pelo pior presidente da história, pois perde para aqueles que o fizeram durante a ditadura", ou ainda pelo filme Tinnitus - São Paulo, que traz uma naturalidade de relações entre sexos iguais.

       Além dos longas metragens brasileiros, os curtas metragens nacionais também não se abstiveram das melhores discussões importantes para o país, com destaque para o embate entre gêneros oprimidos (leia-se, mulheres violentadas) do O Pato - Paraíba; da discussão da morte de indígenas pressionados pelos brancos tomadores de terras do Tekoha - São Paulo; do Fim da Imagem - Paraná, que discute sobre as agruras que acometem os jovens atualmente; do Serrão - Minas Gerais, que apresenta uma vibrante realidade dentro das favelas de Minas Gerais; e do Fantasma Neon - Rio de Janeiro, que num inusitado musical apresenta um cenário dos trabalhadores autônomos na cidade maravilhosa. 

    Já o lindo Último Domingo - Rio de Janeiro, traz uma releitura de uma das mais importantes passagens bíblicas do cristianismo, mas que certamente chocaria aqueles rasos cristãos que apoiam o fajuto religioso presidente da república do Brasil. Outros filmes de curta metragem também estrearam em Gramado, inclusive, todos os filmes (curtas, longos ou documentais) são escolhidos dentre outros critérios, somente aqueles que não foram exibidos em nenhum outro festival de cinema, ou estreia.
    
    Engana-se, porém, quem imagina que filmes que contém tanta discussão séria e relevante não seja uma verdadeira obra de arte. Pelo contrário. Em todos estes filmes selecionados o rigor artístico é tão relevante quanto o seu conteúdo. Para citar um destes casos, o dramático Noites Alienígenas é carregado de uma história trágica de pessoas que são corrompidas pela indústria das drogas, mas a trajetória de um de seus personagens, que desesperado e com a eminência de um trágico fim, numa apresentação belíssima dos costumes de seus familiares indígenas, mostra a alteração do caminho daquele homem, mostrando uma improvável redenção para aquele que sofre.

    Outro exemplo magistral do poder da arte cinematográfica é o curta O Pato, no qual sem nenhuma palavra, uma magistral performance da atriz preta Norma Goes e uma fotografia de tirar o fôlego, em poucos minutos choca pela coragem ao fazer desvio de rota de uma vida extremamente sofrida. Um filme incrível. 

     Além dos longas e curtas brasileiros, o festival também tem outras mostras paralelas: o de documentários, curtas-metragens gaúchoslongas-metragens gaúchos e longas-metragens latinos, porém não é fácil conseguir assistir a todos filmes. Por exemplo, no caso dos longas latinos que são os últimos filmes exibidos em cada uma das noites do evento, o horário de término faz com que o espectador não consiga sequer jantar, visto que os restaurantes da cidade estão todos praticamente fechados naquele horário. 

    Durante o festival ocorrem debates que junto dos realizadores, diretores, roteiristas e atores, juntam jornalistas, espectadores e curiosos, e dentro deste caldo cinematográfico o crítico de cinema Luiz Carlos Merten no debate do filme O Pastor e o Guerrilheiro citou que "um crítico aprende bem cedo que não se deve dizer que gostou de um filme", arrancando gargalhadas dos presentes, contudo, como os editores deste caderno não são críticos de cinema, podem afirmar com certeza que sim, gostaram muito deste filme Marte Um.

    Ou seja, este caderno de cinema elegeu o seu melhor filme: o mineiro Marte Um, da produtora Filmes de Plástico.

    Quando as apresentadoras do festival chamaram para o palco o diretor, produtor e o elenco do filme mineiro, foi visível a ausência de atores conhecidos do grande público (leia-se, da Globo), e o mais desavisado poderia imaginar que talvez o filme não fosse digno de ter sido selecionado para a mostra competitiva do festival. Ledo engano, pois não há uma atuação destoante na produção, pelo contrário, e especialmente os quatro integrantes da família Martins, a mãe (Rejane Faria), o pai (Carlos Francisco), o filho (Cícero Lucas) e a filha (Camila Damião), fazem interpretações excepcionais, sendo contidas, dramáticas, cômicas, enfim, arrancam lágrimas e risadas como nenhum outro desta quinquagésima edição.

    O roteiro é de uma sutiliza impressionante, visto que há somente um fio de história, e sem criar uma grande expectativa sobre o destino daqueles personagens, é o convívio entre eles que toca, que surpreende. Para se ter uma ideia, uma grande discussão político/social acontece no filme: a história começa mostrando a posse do atual presidente de República que aconteceu em 2018, porém, apesar de toda a tragédia administrativa, permeada por muita corrupção e incompetência que acontece no governo federal, o filme nos faz crer que a vida real existe no núcleo das relações das pessoas, por exemplo, como a irmã trata o seu irmão, ou como o pai e a mãe fazem para contornar os problemas financeiros e outras crises. São nestas relações que a vida acontece.

    A ideia de apresentar o capetão logo no começo do filme, sem dar importância de sua nefasta presença no decorrer da produção, quer nos dizer que mesmo que um dos piores seres humanos do mundo esteja governando politicamente o Brasil, e certamente afetando e influenciando tudo e todos, preservar a relação entre as pessoas é o mais importante. E isso é o destaque do filme. 

    A mãe e o pai não conseguem sanar a família financeiramente, mas quando aceitam a relação homoafetiva de sua filha (e aqui tem uma das cenas mais engraçadas do filme), percebe-se que qualquer discussão que se poderia fazer sobre este tema é absolutamente secundária, pois o que vale mesmo é o amor, tanto parental, quanto o dos cônjuges. Lindo.

    Quando a irmã vai ter uma conversa importante com o irmão sobre afeto, sobre relações amorosas, a aceitação mútua dos dois é comovente, importante, inclusiva. Linda.

    O irmão confia tanto em sua irmã, que quando os seus pais demoram muito para enxergar o seu potencial, os seus sonhos, o seu verdadeiro e desejado futuro, e apesar de ele titubear ao revelar para ela a sua vontade, a cena escrita desta revelação começa com ele se frustrando, mas a irmã contorna e o fim é avassalador. Lindo.

   A mãe e o pai são típicos trabalhadores brasileiros, que sofrem por terem uma proteção social mínima, com salários miseráveis, com trabalhos extenuantes, mas que quando conversam entre si na cama antes de dormir, ou quando um deles sucumbe às suas dependências, são exemplos de como um casal deve se comportar, com amor, compreensão, e rigidez comedida. Lindo.

    O texto e a forma como o filme é filmado são muito sensíveis, sem exageros dramáticos, sem charlatanismo ou clichês, e unindo este roteiro e a direção cautelosa do roteirista e diretor Gabriel Martins à extraordinária intepretação de todo o elenco, este Marte Um é sem dúvidas o melhor filme do 50º Festival de Cinema de Gramado. Lindo.


Assistido na edição 50 do Festival de Cinema de Gramado - 2022
Disponível em streaming? Verifique aqui 

Parte da família de Marte Um (falta a filha)

    Antes da lista oficial dos palpites dos premiados pelo festival, segue a lista ordenada por preferência dos editores deste caderno de cinema dos filmes assistidos:

Longas-Metragens Brasileiro
[1] Marte Um - Minas Gerais
[2] Noites Alienígenas - Acre
[3] Clube dos Anjos - Rio de Janeiro
[4] O Pastor e o Guerrilheiro - Distrito Federal
[5] A Mãe - São Paulo
[6] A Porta ao Lado - Rio de Janeiro
[x] Tinnitus - São Paulo
(os redatores deste caderno de cinema não assistiram ao filme Tinnitus - São Paulo)

Longas-Metragens Estrangeiros
[1] El Caminho de Sol - México
[2] Cuando Oscurece - Argentina, Uruguai
[3] - Uruguai, Argentina
[4] La Pampa - Peru, Chile, Espanha
[5] O Último Animal - Brasil, Portugal
[x] Inmersión -  Chile, México
(os redatores deste caderno de cinema não assistiram ao filme Inmersión - Chile, México)

Curtas-Metragens Brasileiros
[01] O Pato - Paraíba 
[02] Último Domingo - Rio de Janeiro 
[03] O Fim da Imagem - Paraná 
[04] Tekoha - São Paulo 
[05] Fantasma Neon - Rio de Janeiro 
[06] Serrão - Minas Gerais 
[07] Mas eu Não sou Alguém - São Paulo 
[08] Benzedeira - Pará
[09] Deus Não Deixa - Rio de Janeiro 
[10] Imã de Geladeira - Sergipe 
[xx] O Elemento Tinta -  São Paulo 
[xx] Socorro - Pará 
[xx] Um Tempo Pra Mim - Rio Grande do Sul
[xx] Solicitade - Amapá
(os redatores deste caderno de cinema não assistiram a todos os filmes da competição)

    No sábado dia 20 de agosto de 2022 o júri do festival irá revelar no evento que será transmitido pelo Canal Brasil às 20:00h os vencedores dos Kikitos, e abaixo seguem os palpites dos vencedores conforme a opinião deste caderno de cinema.

Longas-Metragens Brasileiro
Melhor Filme: Marte Um
Melhor Direção: Clube dos Anjos
Melhor Ator: Otávio Muller - Clube dos Anjos ou César Mello - O Pastor e o Guerrilheiro
Melhor Atriz: Rejane Faria - Marte Um ou Marcelia Cartaxo - A Mãe
Melhor Roteiro: Marte Um
Melhor Fotografia: Clube dos Anjos
Melhor Montagem: O Pastor e o Guerrilheiro
Melhor Trilha Musical: Noites Alienígenas
Melhor Direção de Arte: Clube dos Anjos 
Melhor Atriz Coadjuvante: Dunstin Farias - A Mãe,  ou Marco Ricca - Clube dos Anjos
Melhor Ator Coadjuvante: Camilla Damião - Marte Um ou Bárbara Paz - A Porta ao Lado 
Melhor Desenho de Som: Noites Alienígenas
Júri da Crítica: O Pastor e o Guerrilheiro
Júri Popular: Marte Um 

Longas-Metragens Estrangeiros
Melhor Filme: Cuando Oscurece
Juri da Crítica: Cuando Oscurece
Juri Popular: O Último Animal

Curtas-Metragens Brasileiros
Melhor Filme: O Pato
Melhor Ator: Dennis Pinheiro -  Fantasma Neon
Melhor Atriz: Norma Goes - O Pato
Melhor Direção: Último Domingo
Melhor Roteiro: O Pato
Melhor Fotografia: Último Domingo
Melhor Montagem: O Fim da Imagem
Melhor Direção de Arte: Último Domingo
Melhor Música: Fantasma Neon
Melhor Edição de Som (desenho de som): O Fim da Imagem
Melhor Produção / Produção executiva: Último Domingo
Júri da Crítica: O Pato

Curtas-Metragens Gaúchos
(os redatores deste caderno de cinema não assistiram a nenhum dos filmes da competição)

Longas-Metragens Gaúchos
(os redatores deste caderno de cinema não assistiram a nenhum dos filmes da competição)

    Este festival de cinema fala para um público que gosta das artes, que busca se informar através do lúdico proporcionado pela arte do cinema, mas que também preocupa-se em incluir um público que tem menos contato com o cinema normalmente, e isso aconteceu com a acertada decisão dos organizadores em permitir que qualquer pessoa pudesse assistir aos filmes trocando mantimentos por ingressos, tirando a barreira financeira que poderia impedir o acesso ao Palácio dos Festivais, e isso foi um sucesso com resultados imponderáveis.

   Inclusive, os editores deste caderno de cinema acreditam que através das artes, dentre elas a do cinema, é possível conhecer mundos novos, novas pessoas, novos lugares, expandindo a forma de pensar, de afinar a empatia, enfim, de se tornar um ser humano capaz de se conectar com outras pessoas, das mais iguais até as mais diferentes, das menos necessitadas, mas especialmente daquelas que mais necessitam. 

    A edição 50 do Festival de Cinema de Gramado repercutiu em vários meios de comunicação, entre os críticos de cinema e nas redes sociais, e abaixo seguem algumas indicações destes comentários.

https://oblogdomerten.wordpress.com/ (Merten, Crítico de Cinema)
https://twitter.com/portalcineweb (Neusa Barbosa, Crítica de Cinema)
https://twitter.com/flavesguerra (#festivaldegramado, #festivaldecinemadegramado)
https://www.instagram.com/p/CX-3Lzvq8Lt/ (atriz Norma Goes do O Pato)
https://www.instagram.com/p/ChSfuXQoj2C/ (Joel Zito Araújo, homenageado)
https://www.instagram.com/p/ChQHqLJlK6u/ (Dira Paes na calçada da fama)
https://www.instagram.com/p/ChQHBsUFvo9/ (Otávio Muller na calçada da fama)
https://www.instagram.com/p/ChNTiW3IV4k/ (Marcos Palmeira, homenageado)
https://www.instagram.com/p/ChK87swIhQr/ (Orquestra de abertura) 
https://www.instagram.com/p/ChTGmtPLlSl/ (Hermelina Guedes, atriz e jurada)
https://www.instagram.com/p/ChTCSnvrkRk/ (Hermelina Guedes e Tarcísio Filho)
encurtador.com.br/ktxHI (podcast Cinema, Cerveja e Amendoim)
encurtador.com.br/gzGP2 (podcast, Revista Feevale)
encurtador.com.br/afCS9 (podcast, Pontos Positivos)


jacozao.com
Curitiba 2022

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