Cheiro de Cinema

2019, Drama, Guerra,  República Tcheca, Ucrânia, Eslováquia,  Direção de Václav Marhoul, com  Stellan Skarsgård, Barry Pepper, Harvey Keitel      Jakson Böttcher, O Jacó e sua Flor Cinearte Petrobrás, 43a Mostra de São Paulo, às 20:50      Este ano de 2019 está sendo especial para este caderno de cinemas, e sem dúvidas um dos motivos para tal alegria é que pela primeira vez desde 2012, o ano de estréia das resenhas digitais do Cheiro de Cinema, ocorreu uma cobertura de uma das maiores mostras de cinema do mundo, a Mostra de São Paulo.      Paradoxalmente neste ano que está sendo muito triste para o cinema nacional, sentimento preponderante em quase todas as outras áreas do país devido às constantes afrontas e guerrilhas armadas pelo governo federal à cultura, educação e em tudo mais, a Mostra de SP está muito mais poderosa, digamos assim. Circulando pela cidade de São Paulo, além das discussões em torno dos filmes que estão sendo exibidos, vê-se um clima de re

1969, EUA, direção de Gene Saks, comédia, com  Walter Matthau, Ingrid Bergman, Goldie Hawn      Jakson Böttcher, O Jacó, assistido via torresmo às 03:00      Seguindo a toada proposta por Quentin Tarantino que sugeriu assistir a 10 filmes para que se possa entender melhor o seu último longa "Era Uma Vez em Hollywood", este "Flor de Cacto" foi encontrado por aí na imensidão da internet.     A história contém algumas características muito interessantes, como da presença da atriz Ingrid Bergman - que não tem relação familiar com o sueco diretor conterrâneo dela, Ingmar Bergman  - e que ganhou dentre vários prêmios em sua carreira, três Oscars de melhor atriz (principal e coadjuvante). Também é estrelado por Walter Matthau e Goldie Hawn, outros notórios nomes de Hollywood.     A história é uma comédia romântica típica da época, com boas idas e vindas e um toque pouco especial de machismo - comum naqueles tempos -, mas os destaques são as discu

2018, Brasil,  Direção de Murilo Benício, com  Lázaro Ramos, Débora Falabella, Otávio Müller, Fernanda Montenegro,  Drama      Jakson Böttcher, O Jacó Google Play, às 06:00      Publicado em 1960 e escrita originalmente como uma peça teatral, "O Beijo no Asfalto" de Nelson Rodrigues foi por muito tempo uma leitura obrigatória para os vestibulares e estudos acadêmicos. A obra tem marcas indeléveis da carreira profícua do escritor, que antes de escrever fora repórter policial, carreira que alimentou a imaginação do pernambucano radicado no Rio de Janeiro. ARANDIR (numa alucinação) — Dália, faz o seguinte. Olha, o seguinte: — diz a Selminha. (violento) Diz que, em toda minha vida, a única coisa que se salva é o beijo no asfalto. Pela primeira vez. Dália, escuta! Pela primeira vez, na vida! Por um momento, eu me senti bom! (furioso) Eu me senti quase, nem sei! Escuta, escuta! Quando eu te vi no banheiro, eu não fui bom, entende? Desejei

1968, faroeste espaguete, dirigido por  Sergio Corbucci, Itália, França      Jakson Böttcher, O Jacó Torresmo, às 10:00      É curioso a origem do termo que virou gênero cinematográfico intitulado "Faroeste Espaguete". Tudo começou quando do declínio dos filmes do tipo western  nos EUA, que na década de 1950 alcançou o seu auge de público e crítica, e que em franca decadência nas décadas seguintes, encontrou em alguns realizadores italianos uma nova roupagem, com novos atores, e novos cenários, porém que intentavam manter o clima de agressividade, testosterona e aridez dos clássicos americanos.     No mundão deste "novo" gênero, alguns diretores se notabilizaram, mas foi Sérgio Leone e a sua "Trilogia dos Dólares" que fez um enorme sucesso. Na mesma toada, outros também fizeram filmes muitos bons, e este "O Vingador Silencioso" é um clássico também.     A história tem todo o teor do gênero - exceção feita à ausência d

2017, Brasil, Drama, d ireção de Fabio Meira, com  Priscila Bittencourt, Marco Ricca       Jakson Böttcher, O Jacó, assistido no Canal Brasil  às 09:00      A traição conjugal é um dos mais explorados temas da teledramaturgia, e certamente é muito recorrente no cinema e em várias outras expressões artísticas, porém o que o diretor Fabio Meira realizou neste "Duas Irenes" foi retratar esta nefasta ação humana e representá-la através do olhar de uma criança - uma das Irenes - que além de estar descobrindo o mundo novo além do seu viver infantil, descobre a sexualidade, as regras sociais, com contornos sutis do machismo e suas consequências mais ardis.      Destaque para o desfecho da história, que valendo-se da troca das duas Irenes, termina o filme de uma forma definitiva, mas de um jeito que ocorre em toda a trama, não ocorrendo um drama, não há uma exacerbação dos sentidos expressos pelos personagens, mas sim uma sutiliza, gerando uma expectativa de r

2019, Suspense, Coréia do Sul, d ireção de Bong Joon-ho, com  Song Kang-Ho, Lee Sun-kyun, Cho Yeo-jeong       Jakson Böttcher, O Jacó, assistido no s ofá, às 23:00      Numa explicação bastante simplista, porém eficaz e condizente com o entendimento popular do termo, um parasita pode ser entendido como um organismo que em associação com outros dos quais retiram os meios para a sua sobrevivência, normalmente prejudicando o organismo hospedeiro.      O que o realizador sul-coreano Bong Joon-ho, diretor também do excelente "O Hospedeiro" [2006], retrata neste "Parasite" é justamente o comportamento de um organismo com características de um parasita, contudo inserido-o não num ser biológico vivo, mas sim numa sociedade, num organismo social, ambientado na Coréia do Sul.     Joon-ho apresenta duas famílias com características muito semelhantes entre si, ambas compostas por pai, mãe, filho e filho, porém em condições sociais opostas: uma na pobre

1965, EUA, Faroeste, dirigido por William Witney      Jakson Böttcher, O Jacó, assistido no  Sofá, às 22:00      O americano  Quentin Tarantino é certamente um dos maiores realizadores cinematográficas da atualidade, e recentemente ele indicou os filmes que serviram como inspiração artística para a produção do seu décimo filme, "Era uma Vez em Hollywood", que também segundo ele deve ser a sua última obra para o cinema. E, este "Bandoleiros do Arizona" é um destes dez filmes indicados.     A história de 1965 é um faroeste tradicional, porém algumas reviravoltas do roteiro o tornam um exemplar realmente interessante. Com destaque, o filme começa quando um narrador explica a trajetória do bandido Quantrill, que tem sua atuação reduzida na produção, dando lugar para outros bandidos e mocinhos, que mudam de lado - entre vilão e herói - de acordo como o transcorrer da trama. Outra curiosidade é destino da única personagem mulher da trama - interp