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Filme (4.0): "Parasite", 2019, 2019, Coréia do Sul

2019, Suspense, Coréia do Sul, direção de Bong Joon-ho, com Song Kang-Ho, Lee Sun-kyun, Cho Yeo-jeong
    
Jakson Böttcher, O Jacó, assistido no sofá, às 23:00

     Numa explicação bastante simplista, porém eficaz e condizente com o entendimento popular do termo, um parasita pode ser entendido como um organismo que em associação com outros dos quais retiram os meios para a sua sobrevivência, normalmente prejudicando o organismo hospedeiro. 

    O que o realizador sul-coreano Bong Joon-ho, diretor também do excelente "O Hospedeiro" [2006], retrata neste "Parasite" é justamente o comportamento de um organismo com características de um parasita, contudo inserido-o não num ser biológico vivo, mas sim numa sociedade, num organismo social, ambientado na Coréia do Sul.

    Joon-ho apresenta duas famílias com características muito semelhantes entre si, ambas compostas por pai, mãe, filho e filho, porém em condições sociais opostas: uma na pobreza, vivendo de biscates numa casa insalubre; e a outra riquíssima que vive numa morada espaçosa e moderna. Contudo, pode parecer muito simples entender que o parasita é representado pela família com dificuldades financeiras, e certamente isto não é um erro, mas claramente a família rica pode ser considerada também um grande ser nocivo, agora imersa num organismo ainda maior, que a sociedade sul-coreana. Um parasita dentro de outro.

    Este entendimento fundamenta-se especialmente pelos atos nefastos da família rica, que a partir de observações sobre a vida dos mais pobres, ou até por ações contra os que trabalham honestamente e que são descartados por motivos extremamente simplórios, sobrevivem na sociedade, nutrindo-se e simplesmente se servindo do que precisam, e descartando daquilo que não tem serventia, mesmo que em detrimento do organismo social maior. 

    Por fim, mais uma vez o cinema sul-coreano consegue fazer uma grave discussão social, valendo-se da técnica da arte cinematográfica, sendo reconhecido com prêmio máximo de um dos maiores festivais de cinema do mundo, o de Cannes, premiado com a Palma de Ouro (ou seja, o melhor filme da competição em 2019).    
Classificação: Quatro Narigadas!

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