Boy From Heaven e a 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

Um mundo de cinema

4.5 Narigadas, Suécia, França, Finlândia, 2022

    Neste ano de 2022 este caderno de cinema teve o privilégio de mais uma vez poder curtir um dos maiores festivais de cinema do mundo, a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que neste ano comemora a sua 46ª edição. Inclusive, este é o quarto ano seguido que cobrimos o evento:

    Em 2019 na 43ª Mostra o filme "O Pássaro Pintado" (República Tcheca, Ucrânia, Eslováquia) recebeu 5 Narigadas por aqui, e presencialmente assistimos 8 produções in loquo.
    
    Em 2020 na 44ª Mostra, uma edição 100% online, o filme "Isso Não É Um Enterro, É Uma Ressurreição" (Lesoto, África do Sul, Itália) também recebeu 5 Narigadas, e virtualmente assistimos à 18 produções.
    
    Em 2021 na 45ª Mostra a produção "Pedregulhos" (Índia) foi laureada com 4,5 Narigadas e reconhecida como o destaque da edição por este caderno de cinema dentre os 19 filmes online assistidos.

     Agora, na edição 2022 os filmes assistidos e suas classificações seguem abaixo:

4.5 Narigadas: Boy from Heaven, Suécia, França, Finlândia
4.5 Narigadas: Alcarràs, Espanha, Itália
4.5 Narigadas: Joyland, Paquistão
4.0 Narigadas: As Oito Montanhas, Itália, Bélgica, França
4.0 Narigadas: Triângulo da Tristeza, Suécia , França , Reino Unido, Alemanha, Turquia , Grécia
3.5 Narigadas: Fogaréu, Brasil
3.0 Narigadas: O Visitante, Bolívia, Uruguai
2.5 Narigadas: Com Amor e Fúria, França
1.5 Narigadas: O Excesso nos Salvará, Suécia
1.5 Narigadas: Manto de Jóias, México, Argentina
1.5 Narigadas: O Estranho Caso de Jacky Caillou, França

    O grande destaque da edição foi o filme Boy From Heaven do diretor sueco-egípcio Tarik Saleh, que depois de 4 outros filmes desde 2014 emplacou uma interessante e intrincada história de influência política no Egito contemporâneo, mas que tem sua força principal em todo o contexto visual de onde o filme se passa, ambientado dentro de uma das mais antigas universidades do mundo, a Universidade de Alazar. Além da premiação neste caderno de cinema o filme foi vencedor do Prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Cannes 2022.

    Outro destaque desta 46ª Mostra é filme Alcarràs. Diferentemente da grandiosidade visual e da complexidade do roteiro do filme sueco ambientando no Egito, este espanhol-italiano é ambientando numa fazenda de pêssegos, e também apesar de ter um visual belíssimo, o que mais impressiona são as relações entre aqueles familiares que sofrem comunitariamente pela eminente perda do seu modo de vida como agricultores. Neste caso, apesar de não ter sido considerado por aqui o melhor filme desta edição, a produção faturou o Urso de Ouro de Melhor filme no Festival de Berlin, ou seja, o prêmio mais importante daquele festival alemão e um dos mais importantes da Europa, quiça do mundo.

   Impressionante também é o paquistanês Joyland, que apresenta uma discussão sobre a questão LGBTQIA+, que em seu país é tratado como atitude passível de sansão criminal, mas que no filme de uma forma singela discute a situação entre familiares e amigos dos personagens em questão. O filme também foi vencedor do Prêmio do Jurí da seção Um Certo Olhar do Festival de Cannes.

    O vencedor de um dos prêmios mais importantes do mundo cinema, a Palma de Ouro do Festival de Cannes 2022 também esteve presente nesta edição da Mostra, o também sueco Triângulo da Tristeza, que é dirigido por Ruben Östlund, que já venceu Cannes pelo polêmico The Square em 2018. Inclusive, as duas produções são muito diferentes, mas se parecem no ato de querer criticar fortemente o comportamento da nossa sociedade atual, conseguindo e não conseguindo com maestria.

     O gigante As Oito Montanhas também é mais um laureado exibido nesta edição de 2022, e vencedor do Prêmio do Júri do Festival de Cannes (como se fosse um terceiro lugar) é também um importante e de grande qualidade produção assistida por este caderno de cinema.

   Destaque também para o brasileiro Fogareu, que num formato de conto fantasioso faz um triste relato do comportamento dos moradores ricos de uma pobre cidade no interior de Goiás. Inclusive, a produção foi apresentada na seção Panorama do Festival de Berlin em 2022.

    Instigante foi saber que a produção O Visitante talvez tenha sido o primeiro filme boliviano que os editores deste caderno já assistiram, motivando chafurdar a lista de filmes deste país que faz fronteira com o Brasil.

   Enfim, viva a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo!


Assistido no Cinemark Espaço Itaú Frei Caneca, Mostra Internacional de São Paulo
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jacozao.com
Curitiba 2022

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