Filme (3.5): "Sérgio", EUA, Lançamento 2020, Assistido 2020


2020, EUA, Biografia, Drama
Direção de Greg Barker
Elenco: Wagner Moura, Ana de Armas, Brían F. O'Byrne

    Jakson Böttcher, O Jacó
Netflix, às 20:00

     Dizem que o brasileiro tem o chamado "complexo de vira-lata", que é uma forma como o escritor Nelson Rodrigues explica a falta de autoestima do povo daqui, alegando que "não encontramos pretextos pessoais ou históricos para autoestima". Verdade ou não, este filme "Sergio" traz elementos que poderiam ajudar a melhorar este nosso sentimento.

    A história contada pelo diretor Greg Barker, que também dirigiu um documentário sobre a vida de Sério Vieira de Mello, é baseada no livro da americana Samantha Power, "O Homem que Queria Mudar o Mundo", e que narra alguns eventos do trabalho de "diplomata da ONU" exercido por Sérgio, além de relatar algumas de suas motivações pessoais e relacionamentos, especialmente aquele vivido com Carolina Larriera, interpretada pela bela Ana de Armas.

    Pois bem, a interpretação do ator brasileiro Wagner Moura - o Sérgio - é um dos elementos que poderia nos ajudar a melhorar a nossa autoestima, pois mesmo que a produção do filme não seja brasileira, sua presença é sem dúvidas um ponto alto. Ana de Armas também está muito bem, e o romance entre os dois (que parece que foi veridicamente retratado no filme) não atrapalha o andamento dos relatos históricos promovidos por Sérgio, pelo contrário, atribui a ele um carisma, uma projeção realmente humana de sua performance como funcionário da ONU.

    Inclusive, as sequências do filme que mostram a atuação de Sérgio, tanto na presença de líderes políticos e revolucionários, ou com seus funcionários, amigos, quanto no belo encontro dele com a senhora moradora do Timor-Leste que tinha perdido toda a sua família para a guerra, são imperdíveis e muito boas. 

    Contudo, considero que a sequência do acidente pós-atentado que levou Sérgio a morte, é muito enfadonha. Com um certo drama exagerado e um fim que todos já conheciam, muito tempo foi perdido naquela sequência, mesmo que ela seja o fio condutor do filme, que motiva as lembranças de Sérgio e por fim o contar da história. Não funcionou, e julgo a parte mais complicada do filme.

    Enfim, "Sergio" é um exemplo de produção cinematográfica e de atuação como ser-humano que certamente são exemplares, especialmente nos dias atuais, nos quais nossas referências de lideranças agem de forma tão monstruosa, para se dizer o mínimo.
Classificação: Três e Meia Narigadas!

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