Filme (5.0): "Bacurau", 2019, 2019, Brasil

2019, Brasil, França, Drama, Suspense, Faroeste, Direção Kleber Mendonça Filho, Juliano Dornelles, Elenco com Sônia Braga, Udo Kier, Barbara Colen

    Jakson Böttcher, O Jacó e sua Flor
Cine Passeio, 00:00
     
    Poucas vezes neste caderno de cinema, ou ainda, talvez em nenhuma outra oportunidade o editor deste diário se apresentou diferente de "o editor deste caderno de cinema", contudo nesta postagem quem escreve é Jakson Böttcher Argenta, igual a quase todas as demais, porém é impossível não se identificar num momento como este.

    O Brasil vive um momento ímpar, motivado especialmente por uma crise econômica - diga-se de passagem, global - que tem gerado situações que esperava-se que jamais se repetiriam por aqui, com destaque para a corriqueira tentativa por parte dos administradores políticos de tentarem cercear a liberdade de expressão, tanto jornalística, como principalmente e ainda mais grave das expressões artísticas. A impressão que fica é de que estes políticos realmente têm medo da transparência, parecendo sempre temer que a verdadeira motivação e consequências de suas ações sejam expostas, explicadas, reveladas. Temem o que exatamente? 

    Contudo, uma obra artística como este "Bacurau" dirigido e roteirizado por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles alcançou uma importância como muitas poucas outras na história cinematográfica brasileira. Além de sua beleza técnica, interpretações tocantes e de um roteiro cuidadosamente escrito, o momento, a precisão no tempo de seu lançamento, numa época como esta que vivemos, sem dúvidas gera uma indelével marca, que aqui chamo de resistência. 

    "Bacurau" certamente representa muita coisa para muita gente, mas para mim, este filme significa que apesar de tudo, apesar de todo ataque ao povo brasileiro de bem, que se preocupa com o ser humano, com as suas agruras, com suas necessidades, com o mais íntimo da pessoa, ainda existe esperança. Como não se identificar com o professor que quer simplesmente ensinar? Como ignorar a médica que quer simplesmente cuidar? Como menosprezar a pessoa, o homem pacato que simplesmente quer cuidar de suas plantas, de sua família, de sua vida? Como não se identificar com inúmeras pessoas que trabalham na profissão que conhecem e que simplesmente querem sobreviver. Como não?

    Sinceramente vejo em "Bacurau" um escudo para  me defender dos mais nefastos, e quando toda esta onda de medo passar, ele representará a liberdade.

    Sou gente.



     
Classificação: Cinco Narigadas!

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