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Filme (5.0): "O Quarto que Jack Construiu", 2018, 2019, EUA


2018, Dinamarca, Suspense
Direção de Lars von Trier
Elenco com Matt Dillon, Bruno Ganz, Uma Thurman

    Jakson Böttcher, O Jacó
Sofá, às 10:00

    Vasculhando o mundo do jacozao.com é possível encontrar algumas postagens com resenhas sobre Lars Von Trier, diretor deste "A Casa que Jack Construiu", e dentre elas é curioso observar que há uma recorrente menção ao fato dos filmes produzidor por ele serem capazes de gerar sentimentos nos seus espectadores. Neste relato, de uma maneira generaliza, há o comentário sobre a função do cinema e como os filmes do dinamarquês alcançam o espectador. E, este último "O Quarto que Jack Construiu" é mais um ótimo exemplar na carreira deste controverso produtor de filmes.

     Lars coleciona polêmicas dentro e fora da sala de cinema. Fora dela ele sempre posicionou-se de uma forma crítica, questionando o cinema mundial, por exemplo, com o seu manifesto Dogma 95, o qual, em resumo, queria desfigurar o cinema comercial, trazendo-o para um campo mais artístico, mais cru. Também gerou muita discórdia com suas opiniões, com destaque para seus comentários no Festival de Cannes em 2011, que depois de "uma brincadeira" - segundo ele - no qual defendeu Hitler e o nazismo, foi banido e proibido de comparecer ao festival francês.

    Dentro do cinema o seu posicionamento não é menos anticomercial e também não é menos polêmico. Seus filmes corriqueiramente são taxados como misóginos, racistas, gratuitamente excessivamente violentos, anti-sociais, depressivos, enfim, polêmica é o que não falta dentro da sala de cinema de Lars Von Trier. Contudo, e aqui não se pode separar o texto da opinião de quem o escreve, o que ele faz é justamente ácidas críticas a estes tenebrosos comportamentos humanos. Ele critica. Sim, ele critica.

    "O Quarto que Jack Construiu" aglutina muito de tudo que gera as maiores críticas às produções do dinamarquês. As mulheres são tratadas da pior forma possível pelo personagem Jack. Inclusive, são desenhadas por Lars também de uma forma muito depreciativa, contudo, Jack, que é o vilão, não se safa ao fim do filme, ou seja, se ele mal trata uma pessoa, uma mulher, e ele é "punido" por isso, o que Lars fez foi fazer uma crítica ao mal comportamento perante as vítimas.

    A violência no filme é presente em tudo, desde as ações de Jack, até mesmo na tensa construção das cenas, das sequências que culminam numa violência gráfica, e repito, o fim do personagem Jack, que, inclusive é espetacular, sem dúvidas é uma redenção para suas vítimas.

    Enfim, este filme de 2018 é sem dúvidas uma autocrítica que Lars Von Trier faz de si mesmo, de sua obra, e que consegue ser um filme perturbador, chocante, tecnicamente hipnotizante, e com um fim capaz de redimir o sofrimento das vítimas de Jack, mas, sem especialmente o espectador.
    
Classificação: Cinco Narigadas!

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