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Filme (2.0): "The Place", 2017, 2018, Itália


2017, Itália, Drama
Direção de Paolo Genovese
Elenco com Sabrina Firilli, Valerio Mastrandrea

    Jakson Böttcher, O Jacó
Sofá, às 20:00

     Este italiano "The Place", que aparentemente ainda não tem um nome em português e que poderia ser traduzido livremente para "O Lugar", é um filme, digamos, experimental. Cinematograficamente ele não é uma obra de arte, visto que não há uma exploração do áudio-visual, e isso por si só tira muito do valor artístico que é tão característico de obras cinematográficas, porém, o seu roteiro muito diferente tem terreno fértil no cinema.

    A história é fantasiosa, e não se discute nada sobre a origem daquele homem que sentado num restaurante - the place - atende pessoas, atribuindo-lhes tarefas em troca da realização de seus desejos. Também não se discute como ele tem o poder que tem, enfim, não há uma explicação racional para o que acontece. Contudo, não é difícil encontrar uma paridade desta fantasia com o que acontece na vida das pessoas, no mundo real: ao se tomar qualquer decisão na vida, não há consequências? Não é verdade que toda ação (ou até mesmo omissão), seja ela qual for certamente afetará a vida de outras pessoas além da si própria, talvez muito, talvez pouco? Enfim, é disso que o filme fala, das decisões e consequências da realização de desejos de pessoas.

    Um exemplo recente destas realizações de desejos foram as eleições para presidente da república que ocorreram no Brasil neste 2018. Um clichê brasileiro nestes casos eleitorais é o da polarização, no qual há claramente duas opções políticas que são horizontalmente opostas, e pelo ponto de vista do opositor, escolher o outro certamente acarretará consequências negativas para todos, e vice versa. Certamente o mediador desta escolha não é uma pessoa sentada num lugar e que anota tudo numa agenda, mas no caso da eleição esta "pessoa" seria o próprio processo democrático, a democracia. 

    Também na vida real, tal como no filme, este processo de escolha também é questionado, também pode ser substituído (seria péssimo, mas que pode, pode). Enfim, o lúdico proposto pelo filme tem um forte paralelo na vida real, e o exercício desta reflexão é o grande mérito desta produção cinematográfica.    
Classificação: Duas Narigadas!

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