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Filme (5.0): "The Ballad of Buster Scruggs", 2018, 2018, EUA


2018, EUA, Faroeste
Diretores Joel Coen e Ethan Coen
Elenco com Tim Blake Nelson, James Franco, Liam Neeson

    Jakson Böttcher, O Jacó
Netflix, às 18:00

     Antes de qualquer comentário sobre este filme produzido pela Netflix é salutar lembrar que ele foi dirigido e roteirizado pelos Irmãos Coen, que dentre outras obras primas foram responsáveis por alguns dos filmes mais apreciados por este editor deste caderno de cinema, que sem dúvidas são classificados com cinco narigadas incontestáveis:

Fargo [1996
O Grande Lebowski [1988]
Onde os Fracos não tem Vez [2007]
Bravura Indômita [2010]
Inside Llewyn Davis: Balada de um Homem Comum [2013]

     Dito isso e obviamente considerando que as tais obras supra citadas necessariamente não indicam que qualquer filme produzido por eles será de boa qualidade, exemplos excepcionalmente negativos como Suburbicon [2017], Ponte de Espiões [2015] e Invencível [2014] (apesar de que estes três exemplares foram apenas roteirizados pelos irmãos) provam tal suposição, podemos afirmar que este "The Ballad of Buster Scruggs" é sem dúvidas o estado da arte cinematográfica, e sem dúvidas entrará para a lista dos melhores dos irmãos Coen, quiça do cinema.

    Há também o incontestável fato da produção tratar-se do gênero faroeste, fator que atribui ao filme uma maior possibilidade de ser apreciado por este editor, mas, mesmo de forma repetida se pode afirmar que esta produção da Netflix se encontra na nata da produção mundial do cinema. Sem dúvidas!

    O filme foi formado por um apanhado de seis episódios que são interligados entre si apenas pelo gênero faroeste, e as transições entre cada uma das histórias é feita pelo folhear de um livro, no qual contém alguns trechos de cada história e também algumas imagens. A impressão que fica é que tais histórias estão contidas dentro livro de contos e que são transformadas em cinema. Inclusive, esta conversão é de fato somente virtual e pode ser considerada um elemento do filme, visto que na realidade as histórias não foram lançadas em livros.

    Quase todas as seis histórias contém um fato muito relevante, talvez, até mesmo entendida como um plot twist, uma reviravolta, exceção feita à última, que apesar de construir um excelente clima de tensão e suspense não tem em seu cerne tal elemento surpresa, e também é sútil tal momento na segunda história, que contém mais uma situação totalmente inusitada do que surpreendente. Porém, em todas elas o roteiro é magistral.

    Magistral também é o elemento visual de cada uma, sem exceção. Talvez seja esta a característica mais importante do filme. O filme é tão belo, a fotografia é tão bem cuidada que o aspecto visual é realmente um primor. Os detalhes visuais são tão bem trabalhados, que em cada revisita ao filme se percebe efeitos que num primeiro momento passaram desapercebidos. Por exemplo, no primeiro conto que inclusive dá nome ao filme, quando Buster atira no dono do bar, a luz da janela atravessa pelo furo da bala o corpo do baleado. É muito legal.

    Ainda no aspecto visual os contos em destaque são o terceiro "All Gold Canyon" - talvez o melhor de todos em todos os sentidos -  e também o último "The Mortal Remains", que filmado de dentro de uma carruagem tem um cair da noite e uma exposição noturna de chocar de tão bela. Ah, impossível não citar "Meal Ticket", que também é espetacular durante a noite, e também sem dúvidas é o mais triste de todos.

    A violência é outro elemento que é muito marcante na carreira dos Coen e que aqui está presente de forma muito vistosa. Inclusive, não somente a violência física e visual, presente em quase todos os episódios, mas também aquela que choca, que expõe o pior de que o ser humano é capaz.

    Enfim, felizmente acessível por estar na Netflix, este que ainda é um filme cujo título ainda não foi traduzido para a língua portuguesa é sem dúvidas uma das melhores produções cinematográficas do ano. Talvez a melhor.   

Classificação: Cinco Narigadas!

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