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Filme (5.0): "O Silêncio do Lago", 1988, 2018, Holanda, França


1988, Drama, Suspense, Holanda, França, 
Direção de George Sluizer
Elenco com Gene Bervoets, Johanna ter Steege, Bernard-Pierre Donnadieu

    Jakson Böttcher, O Jacó
Sofá, às 22:00

     Admito que não gosto de rever filmes que eu já os tenha vistos, e isto deve-se principalmente ao fato de que aprecio novidades e também de ser surpreendido por novos conteúdos e formas inesperadas de se contar uma história, surpresa que numa revisita é totalmente frustrada. Todavia, há algumas poucas produções que esta lógica inverte-se, e é justamente o ato de rever, o re-assistir um filme que me dá um barato.

    Este "O Silêncio do Lago" de 1988 é uma destas produções, talvez que fazendo companhia de "A Lista de Schindler" [1993], "Um Violinista no Telhado" [1971], "Onde os Fracos não tem Vez" [2007], "Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças" [2004], "Vidas Secas" [1968], "O Trem da Vida" [1998] e "Redentor" [2004] sejam os filmes que gosto de apreciar detalhadamente, repetidamente.

    Inclusive, também de forma inédita neste caderno de cinema haverá uma postagem duplicada (ou ainda outras mais!) sobre o mesmo filme. 

    Revi pela última vez este pouco conhecido Franco-Holandês numa noite de domingo, e depois talvez da terceira ou quarta assistida que faço dele nesta vida percebi o quanto é extraordinário o vilão Raymond Lemone, interpretado por Bernard-Pierre Donnadieu (foto do caput desta postagem). Inclusive, descobri também que Hollywood em 1992 refilmou este clássico (clássico pelo menos para mim, é claro!), no qual este personagem é interpretado  por Jeff Brigdes, mas, que ainda não tive a sorte (ou não) de assistir.

    Raymond é sem dúvidas o mais bem desenvolvido personagem da produção, e apesar de suas ações serem implicitamente atribuídas a um distúrbio psicológico, o minucioso planejamento da ação que executará e também as inúmeras tentativa infrutíferas antes do sucesso atribuem-lhe um peso muito grande no filme. O filme é dele, sem dúvidas, porém a interpretação de Bernard é tão cautelosa e contida, que é justamente esta falta de expressão típica de vilão, sem risadas exageradas, sem olhares roubados, sem exageros sequer nas cenas de intimidades solitárias é que tornam-o realmente malévolo.

    Uma das cenas mais bacanas se dá no posto de gasolina, enquanto Raymond num flashback conta para o namorado de Saskia, a moça perdida, como foi frustrada a ação que fez com que ele quase raptasse uma outra mulher, depois de um descuido dele ao inalar o calmante que era para sua vítima. 

    Refletindo sobre o tempo que ele perdeu nesta ação, que contado entre o momento que ele encontra Saskia na primeira vez (antes de inalar) e depois no segundo momento, quando tem sucesso com ela, é perfeito. Lembramos que neste ínterim ela encontra-se com o namorado, joga frisbee, enquanto ele provavelmente dorme no banheiro, e quando ele retorna, ao invés de reclamar e lamentar-se, ele ri, tal como faria um perfeito vilão. Perfeito, tanto o timing da ação quanto a reação dele. Perfeito

    Os momentos que convive com a família dele são também muito bem desenvolvidos. Não cremos que ele tornar-se-á um malfeitor, mas se cuidadosamente analisarmos cena por cena, percebemos que ele está planejando e testando suas ações a todo momento: no almoço fora de casa; no carro pegar a filha; nas conversas com a esposa. 

    Por fim, não devo tardar em assistir este filme novamente. Felizmente.    

Classificação: Cinco Narigadas!

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