Filme (4.5): "A Hora e a Vez de Augusto Matraga", Brasil, 2015 [2017]



Lançamento em 2015
Direção de Vinícius Coimbra
Elenco com João Miguel, José Wilker, José Dumont
Drama
Brasil

    Jakson Böttcher, O Jacó
Chromecast, às 15:00

   Sem alarde e principalmente sem propaganda barulhenta chegou em nossa vila numa caminhoneta velha um viajante que parecia não ser morador das bandas de cá. Parecia não, não era! Estranhamente comum também era o seu acompanhante, que tinha aparência com a nossa cara. Aparência não, era daqui!

   Bom, e por mais que este água-óleo parecesse estranho, o que a dupla armou no início da tardinha foi o que realmente nos surpreendeu: num velho pano projetarrram - tal como o som da palavra "projetar" falada pelo viajante mais estranho, inclusive, o mais alvo entre os dois - o que chamarrram de "um filme de bangue-bangue". 

     A nossa pequena vila foi ao chão, rindo como nunca, chorando como sempre, mas, principalmente, estarrecida pelo motivo de que daquele inusitado acontecimento conseguiu nos fazer esquecer das grandes dificuldades que passávamos (perrengues que serão contados noutro causo). Aquilo sim foi surpreendente!

   Eu, caboclo de dezesseis costados e mais vivido que a maioria dos poucos habitantes daqui não me surpreendi em nada. Meu compadre, vizinho aqui de casa, disse que "o tar firme de tiro feiz ele esquece um pouco da dor do deixamento da sua muié". Verdade mesmo foi a tristeza da morte dela - o deixamento, como ele sempre diz - mas, repito, para mim nada foi surpreendente.

   Na verdade, na verdade o povo desta vila está calejado de tanto ver homens valentões, que enfezam-se por qualquer coisa, abandonam mulher e proles, e, por fim, não fazem nada mais que arranjar confusão e cair na farra e na bebedeira, histórias tristes e comuns ao que vimos no "tar firme" do homem alvo e do seu parceiro cara de sofrimento. Nada.

   Uma das lembranças mais vivas que tenho é do caso do valentão Nhô Augusto. Claro que cortando a história pelo resumo, pois inteiriça teria mais de cinquenta páginas: viveu valentão e por isso teve a mulher roubada e a filha desgraçada, mas, tentando reconciliar-se com o Bem fez tudo que pode, inclusive, entregando-se de corpo de alma. 


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    Este filme foi comentado através deste conto, que inspirou-se livremente em elementos de outras obras artísticas, tais como o filme "Cinema, Aspirinas e Urubus" [2005] e a obra literária de João Guimarães Rosa, "Sagarana", a qual contém a história relatada neste filme "A Hora e a Vez de Augusto Matraga".
Classificação: Quatro e Meia Narigadas!

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