Filme (2.0): "Capitão Fantástico", EUA, 2016 [2017]




Lançamento 2016
Direção de Matt Ross
Elenco com Viggo Mortensen, Frank Langella, George Mackay
Drama
EUA

    Jakson Böttcher, O Jacó e sua Flor
Cristal, às 20:00

     Os tempos atuais são de mudanças, especialmente no que diz respeito ao convívio social, marcado principalmente pela interferência online da tecnologia. É impossível não admitir que todos os apetrechos tecnológicos que dispomos, sempre conectados com tudo e com todos estão modificando a forma como vivemos, como interagimos, consumimos. 

   Contudo, não há dúvidas que seria um equívoco considerar que estas mudanças são nocivas, porém, também não restam dúvidas que somente através do passar do tempo é que poderemos sentir os efeitos destas bruscas mudanças. 

    Pois bem, este "Capitão Fantástico" parte do pressuposto que este modo de vida superconectado, informatizado, socio-digital e altamente consumista é ruim e principalmente será prejudicial às novas gerações, e, expondo um pouco destas consequências e também sugerindo algumas "soluções" o filme está atraindo muito expectadores pelo mundo.

    Isto quer dizer que o conteúdo desta produção é muito atual e a discussão que ele se propõe é importante, talvez, extremamente importante e especialmente necessária para aquelas pessoas que estão criando ou que criarão seus filhos. 

    Argumentativo, revelando prós e contras, tanto do novo modo de vida como do sugerido como ideal, a história surpreende ao seu final, quando o pai - interpretado por Viggo Mortensen - justifica o predicado "fantástico" ao flexibilizar um pouco os seus valores, numa tentativa de equilibrar as práticas que julga corretas com aquelas praticadas pela sociedade atual, adaptando-as aos problemas enfrentados, e, felizmente, colhendo frutos muito bons e positivos.

   Porém, e apesar do relevante conteúdo, a produção cinematográfica é ruim. Clichês dramáticos são usados exaustivamente, tal como quando a família faz um ingênuo rito musical ao redor do corpo pré-fumegado da mãe morta; ou ainda quando os pequeninos aparecem do nada de dentro do ônibus, após terem sido abandonados pelo pai na casa dos avós; a entrada da família na igreja; a revelação das cartas das universidades... 

    Enfim, várias técnicas do cinema são usadas para emocionar e surpreender, artifícios que deixam o filme palatável, comercial, de fácil assimilação, justamente contrapondo-se aos valores que tanto são combatidos no filme, deixando espaço, exemplarmente é claro, para o hipócrita que sequer consegue deixar o celular desligado durante as poucas horas de duração do filme afirmar que esta produção é "uma obra prima". 

    Como indicação, o filme "Na Natureza Selvagem" [2007] trata de um conceito muito parecido, mas tem um pouco mais de coragem cinematográfica. 

     Fica a dica.    
Classificação: Duas Narigadas!

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