Jakson Böttcher, O Jacó
Sofá e Torresmo, às 16:50
Espera-se que qualquer produção artística minimamente sensata seja capaz de explicar-se, capaz de não deixar pontas soltas para que sejam atadas a qualquer explicação que acabem deturpando a intenção esperada daquele que a produziu. Pois bem, isso é o que espera-se, todavia, há alguma regra que obrigue que este seja o único curso, por exemplo, de um filme?
Certamente não há regras, mas uma outra dimensão deste questionamento pode ser feita no sentido de questionar "mas qual seria a intenção do artista?", ou seja, se algo aparentemente não ficou explicado, nos mínimos detalhes, talvez não aconteceu o desvio do expectador para aquilo que deveria ser o mais importante, o foco do artista que fez aquela produção?
Este surpreendente russo "O Retorno" é um exemplar capaz de encaixar-se nestes dois questionamentos , porém, é plausível que a segunda proposta seja mais adequada para "explicar" o que aconteceu com o filme.
A história é simples, na qual dois meninos têm suas normais vidas impactadas pelo inesperado retorno do pai, que sumido faz doze anos resolve entrar numa viagem sem a mãe com o intuito de aproximar-se dos filhos. Normal, porém, os questionamentos que surgem não são explicados.
Por exemplo, onde esteve o pai durante todos estes anos? Qual é a importância da mãe e da avó no que deve ter acontecido ao pai? Qual é o destino da viagem que os três fazem? Quais segredos foram desenterrados - literalmente - pelo pai? As suspeitas de Ivan fazem sentido?
Inclusive, no quesito qualidade há um grande destaque: a interpretação do ator Ivan Dobronravov, que interpreta o irmão mais novo, Ivan. Sua atuação é realmente surpreendente, emocionante, e se por acaso os questionamentos sem explicação do filme poderiam repelir os expectadores, a interpretação de Ivan certamente compensará. E compensa.
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