Filme (4.5): "Vale do Amor", França, Bélgica, 2016 [2016]





Lançamento em 2016
Direção de Guillaume Nicloux
Elenco com Isabelle Huppert, Gérard Depardieu
Gênero Drama
Nacionalidades França, Bélgica

    Jakson Böttcher, O Jacó
Cineplex Batel, às 13:30

   Ser despretensioso é uma das atitudes mais eficazes para um cinéfilo quando do momento de assistir um filme, e isso se dá pois estar descarregado de pesadas pretensões pode facilitar a aceitação de uma produção cinematográfica, digamos, diferente. 

   Este "Vale do Amor" é um destes filmes "diferentes". 

   A produção também parece ser despretensiosa, apesar de conter nada mais nada menos que dois ícones do cinema francês - Isabelle Huppert e Gérard Depardiu - mas no fundo, o seu roteiro é profundo, principalmente por versar sobre um tema da área psicológica muito difícil: a culpa. Na real acho que despretensioso não é um atributo do filme, mas isso não trata-se de um fator negativo.

    O sentimento de culpa é carregado por Isabelle (personagem homônima da atriz) e por Gerard (homônimo também), mas a forma como a história conta como o fardo da culpa é carregado pelas costas destes pais que perderam o seu filho suicida é inusitada, principalmente pelo tom surreal, notório no modo como as personagens acreditam no conteúdo e no emissor das cartas que recebem.

   Em verdade, pode haver um interessante estratagema no roteiro da história, e um forte indício está no nome do filme - "O Vale do Amor" - e a "coincidência" do lugar geográfico de onde a história se passa - "O Vale da Morte" - nos EUA: se as personagens já estivessem mortas durante o filme o surrealismo poderia ser descartado, dando à história uma ficcionalidade mais acreditável. Pode ser. Pode não ser, mas seria interessante se fosse.

    Bom, deixando de lado esta teoria, o filme poderia ser considerado um interessante artigo sobre como o sentimento de culpa atormenta pessoas que passam por alguns tipos de tragédias, especialmente o suicídio. Inclusive, este tipo de morte tem a infeliz capacidade de tornar culpados os vivos que interagiam com o suicida, mesmo que não o sejam. Triste.

   "O Vale da Mort..." ou melhor, "O Vale do Amor" é um filme belíssimo devido as locações de gravação, instigante por seu roteiro inusitado, cientifico por seu discurso psicológico, mas, com certeza artístico, por conseguir agregar todos estes componentes numa produção cinematográfica de alto nível. 

    Vale por tudo.
Classificação: Quatro e meia Narigadas!

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