Jakson Böttcher, O Jacó
Canal Brasil, às 22:00
Em 1998 o então presidente da República Federativa do Brasil, Fernando Henrique Cardoso aprovava o decreto federal D2206 que em seu parágrafo 74 obrigava:
"As operadoras de TV a Cabo oferecerão, obrigatoriamente, pelo menos um canal exclusivo de programação composta por obras cinematográficas e audiovisuais brasileiras de produção independente."
Nesta toada foi criado o "Canal Brasil", que hoje intitula-se "a casa do cinema brasileiro", que contém sem dúvidas a melhor programação cinematográfica da televisão brasileira. Em sua maioria a grade é composta por produções nacionais - longas, curtas, documentários, etc. - além de também uma boa escolha de filmes latinos americanos. Desta programação saiu este "A Luneta do Tempo", um filme de Alceu Valença.
O filme é considerado um faroeste, classificação que faz sentido, visto a luta seca e suja - sujo em todos os sentidos possíveis desta palavra - dos cangaceiros versus a autoridade policial, ambientada na aridez do nordeste. Este roteiro é equivalente aos faroestes dos EUA, país da América do Norte que criou este magnífico gênero cinematográfico.
Todavia, "A Luneta do Tempo" é mais que um faroeste.
Quando ouve-se Alceu Valença discorrer sobre sua obra, percebe-se que o filme tem coração artístico, com destaque para o veio musical (Valença afirma que produziu mais de duzentas músicas enquanto concebia o filme). Também, parece ter coração cultural, focado nos costumes da sofrida população nordestina - texto em cordel, o circo de palhaços; tem coração social e histórico, contando um pouco da história do cangaço, de suas motivações, enfim, o filme realmente parece um resultado carinhoso e artístico.
"A Luneta do Tempo" não é mais um daqueles retratos do sofrimento de um povo, massacrado pelo estado, pela natureza, mas sim, com certeza o resultado do coração de um artístico nordestino (Valença) que vale muito ser curtido. Por tudo.
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