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Filme (4.0): "Para Minha Amada Morta", Brasil, 2016 [2016]


Lançamento em 2016
Direção de Aly Muritiba
Elenco com Fernando Alves Pinto, Mayana Neiva, Lourinelson Vladimir
Gênero Drama
Nacionalidade Curitiba, Paraná, Brasil

    Recentemente a cidade de Curitiba no Paraná está no centro das atenções do Brasil devido ao fato de sediar o Tribunal Regional Federal que com o braço forte do juiz Sérgio Moro lidera a força tarefa da Lava Jato, ação que está passando a limpo uma pequena parte da grande roubalheira que acomete a nação.

   Pois bem, um dos meliantes investigados por esta força tarefa foi flagrado chorando as pitangas para um de seus companheiros e em seu discurso citou Curitiba como sendo a República de Curitiba, fato que rapidamente foi noticiado e feito rastro de pólvora refundou o nome da cidade. 

   Ao lado, a figura do Juiz Federal Moro é enfeitada por frases de efeito, algumas verdadeiras, outras totalmente imaginativas e ficcionais, com destaque para "Aqui Vagabundo Não se Cria": se fosse verdade, o atual governador, dono de empreiteira, senadores e deputados, presidente de clube de futebol que roubou o estado para construir sua casinha, dentre vários outros meliantes não estariam por estas bandas. Bom, pelo menos alguns bandidos estão sendo presos!

    Certo, mas qual é a razão do tema político/policial neste caderno de cinema? A resposta é Curitiba, que no centro destes temas nacionais também é pano de fundo deste excelente filme "Para Minha Amada Morta", dirigido pelo curitibano por adoção Aly Muritiba.

   A história contada por Muritiba é complexa e tem um bom nível de profundidade. 

   Logo no começo do filme é possível ficar chocado com o destino do personagem pai/esposo Fernando (interpretado pelo excelente Fernando Alves Pinto), que surpreendido pelas ações de sua esposa arquiteta um silencioso e meticuloso plano. 

    Suas motivações parecem óbvias (mas na realidade não são!), mas o destino final de seu plano é incerto, no qual basicamente transformará drasticamente a vida da família dos personagens interpretados por Lourinelson Vladimir (o amante), Mayana Neiva (a esposa do amante) e Giuly Biancato (a filha do amante).

     As interpretações de todos os atores, inclusive do sensível personagem filho de Fernando, são realmente excelentes e com certeza são ponto alto da produção.

    O ponto baixo se dá nas motivações das ações da esposa de Fernando, que realmente não convence, principalmente pelo fato de não haver qualquer explicação sobre o porque de suas ações, situação claramente intencional por parte da produção do filme (não contar as motivações da esposa), mas realmente faz falta.

   Por fim, Curitiba como plano de fundo, uma direção silenciosa e ao mesmo tempo tensa de Muritiba, interpretações ótimas e uma história perturbadora e bem fechadinha fazem de "Para Minha Amada Morta" um dos melhores nacionais de 2016, quiça do mundo.

   Menção honrosa se faz necessário ao BRDE - Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul - que financiou a Mostra BRDE do Cinema Brasileiro, onde no Museu Oscar Niemeyer em Curitiba projetou esta excelente produção, dentre outras. 
Classificação: Quatro Narigadas!

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