Em 1938, em um dia que Adolf Hitler encontrava-se com o Benito Mussolini em terras fascistas para selar um acordo político-bélico que culminaria no início da Segunda Guerra Mundial, no qual os italianos afirmavam que "o exército alemão junto do italiano seriam imbatíveis", a personagem de Sofia Loren - linda, diga-se de passagem - travava uma guerra de proporções ainda maiores daquela mundial contra o tédio em sua vida.
O italiano Ettore Scola - que faleceu no início de 2016 - certamente foi um dos mais produtivos e talentosos diretores do cinema italiano, quiça do mundo. A sua capacidade de fazer filmes que retratam dramas pessoais e familiares, ambientados em momentos e cenários altamente políticos e sociais, marcou indelevelmente o cinema mundial.
Este "Um Dia muito Especial", inclusive, nome em português que expressa com mais qualidade que o original "Una Giornata Particolare" do que se trata o filme, é um exemplo excelente desta mistura de história pessoal com política, tão bem explorada por Ettore.
A história conta com muita delicadeza o sofrimento da personagem Antonietta (Loren), mãe de vários filhos, dona de casa - empregada de casa! - e esposa de um insensível marido, que quando encontra o excêntrico Gabriele (Mastroianni) vê uma perspectiva diferente daquilo que vive, talvez, o seu melhor dia de vida, um verdadeiro dia muito especial.
Durante toda a projeção ouve-se num som ambiente através do rádio da vizinha a narração do regojizo do povo italiano ao acompanhar a visita de Hitler ao líder Mussolini, seguramente também um momento inesquecível, um dia muito especial para o povo italiano.
Um filme realmente especial. Vale por tudo.
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