Todo cinéfilo que realmente tem como hobby o cinema e seus interesses não pode jamais negar que a expressão artística desta arte, a chamada sétima arte, é reconhecida no mundo graças ao empenho dos norte americanos.
Bem verdade que o estadunidenses enxergaram a exploração desta arte como uma grande oportunidade de negócios (tal como quase tudo no mundo capitalista), e, por fim, aliando uma grande fonte de arte, entretenimento e propagação da cultura, o cinema como um negócio prosperou como poucas outras expressões artísticas.
A partir disto, como grande explorador e também responsável pela expansão desta arte, obviamente que os temas mais caros aos americanos seriam recorrentes nos filmes lá produzidos, com destaques para o patriotismo, capitalismo e a liberdade, e, depois de muitas e muitas décadas (mais de um século, seguramente) insistindo nestes temas, este "Ponte de Espiões" tem mais uma vez seu ponto mais forte justamente na defesa da liberdade através do patriotismo.
O filme é baseado na real história do advogado norte americano James B. Donavan (no filme, Tom Hanks) que decide após a recusa de muitos outros colegas defender o espião russo Rudolf Abel. Além do sucesso na defesa de Abel, Donavan é informalmente escalado para negociar a libertação de um preso militar americano pelas forças Soviéticas, liberdade que se processa na famosa ponte Glienicke, a qual dividia a derrotada Alemanha na segunda grande guerra entre os lados ocidental e oriental .
Pois bem, isto quer dizer que a história do filme, ou seja, o seu conteúdo, é de fato interessante e historicamente rico, principalmente nas cenas que se passam na Alemanha pós segunda guerra, com notório destaque para o momento em que o muro de Berlin, que dividiria o país em dois, começava a ser construído. Todavia, o ufanismo de Spielberg (diretor) e dos irmãos Cohen (roteiristas) ao demonstrar os soviéticos e alemães da parte oriental como inimigos, desumanos e traiçoeiros torna o filme um barato panfleto pró-EUA.
As cenas que mostram o tratamento violento concedido ao preso norte americano na URSS, seguidos pela cordialidade e educação dispendida ao preso soviético nos EUA é tão infantil, que chega a ser vergonhoso, levando o expectador a crer que nos EUA prevalece todo o bem da humanidade, enquanto fora de lá há somente sanguinários e desumanos! Guantánamo que não nos deixa enganarmos, por exemplo.
Outra vergonhosa é quando Hanks vê jovens sendo metralhados ao tentar transpor o muro de Berlin, enquanto ele está na Alemanha e, logo mais no fim do filme, regojiza ao ver jovens rindo e divertindo-se ao pular uma cerca em solo norte americano.
Bom, os EUA são certamente responsáveis pela grandeza que o cinema tornou-se, todavia todo cuidado na seleção daquilo que realmente é arte se faz necessário. Tarefa difícil, principalmente porque a imersão na cultura norte americana é muito forte, mas necessária.
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