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Filme (3.0): "Timbuktu", Mauritânia, 2014




Lançamento 2015 
Dirigido por Abderrahmane Sissako
Com Ibrahim Ahmed dit Pino, Abel Jafri, Hichem Yacoubi
Gênero Drama
Nacionalidade Mauritânia   

    "Timbuktu" era o último concorrente ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro 2015 que faltava neste blog e junta-se aos outros quatro, fazendo jus à boa colheita de filmes da premiação deste ano.
Relatos Selvagens - Argentina
Ida - Polônia (vencedor)
Tangerinas - Estônia
Leviatã - Russia

    A história tira um retrato do momento da invasão de um grupo de jihadistas islâmicos que tomaram conta de uma aldeia de Mali, nominada Timbuktu, e o que se vê não é uma história baseada num grupo único de personagens, mas sim, tal como poderia ocorrer num documentário, vai se relatando todas as ações deste grupo invasor e as consequências sentidas por toda a comunidade. Certo que há um zoom numa família de 3 pessoas (pai - foto -, mãe e filha), mas o mais impressionante passa longe de ser somente isso.

    Tal como realmente deve ocorrer quando da ações destes grupos religiosos, que usando a religião islâmica e levando e praticando ao pé da letra os seus escritos, as atrocidades contra seres-humanos são chocantes. Alegando infrações religiosas - ouvir música, mulheres não cobrirem todo o corpo, jogar futebol, adultério, ostentação, etc. - há vários julgamentos e punições - apedrejamento, chibatadas, multa, fuzilamento, etc. - todos cruamente retratados no filme, tornando-o um exímio e violento exemplar da cultura daqueles países. Inclusive, tecnicamente o filme é impecável. As cenas são realmente excelentes, duram na medida certa e mostram justamente o necessário para chocar. A fotografia e as tomadas de câmera geram imagens áridas de muita beleza, proporcionais à violência relatada.

  Agora, julgar estas ações (culturais, religiosas) como "atrocidade" ou algo extremamente desproporcional ou selvagem é fechar os olhos para o que ocorre no ocidente, principalmente nas nações ditas com liberdade, democracia e laicismo. Exemplos de situações similares ocorre em cidades violentas, no qual matar à facadas uma pessoa para roubar-lhe uma bicicleta, para depois troca-la por drogas com o propósito de nutrir um vício que no fim das contas só trará tristeza para a família do viciado e um trágico final para si mesmo. Ou ainda, beber e dirigir, matando pessoas inocentes, acabando com famílias. Surrupiar o governo, roubando de si mesmo. Tirar vantagem de tudo, sem preocupar-se com a honra, ou ainda com o próximo. Enganar, mentir, fazer de tudo para ter o poder para que possa enganar mais, mentir mais... Enfim, vivemos numa época que a violência, truculência, mentira, aproveitamento, etc., são ferramentas de uso comum e que só são maquiadas lá, aqui e acolá, mas que acabam tendo o mesmo resultado, em qualquer parte do mundo.

   Hipocrisia achar que somente eles (por exemplo, em Timbuktu), estão errados. Hipocrisia...


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