Filme (5.0): "A Marvada Carne", Brasil, 1985


Classificação: 5 Narigadas!

Na busca pela grandiosidade, da grande obra-prima, do marco que vai revolucionar o cinema, a essência da arte cinematográfica não pode ser deixada de lado. Este ingrediente, que na verdade é o principal de uma receita de uma obra verdadeiramente artística, varia de acordo com o tipo do filme que deseja ser feito.

Citando alguns daqueles que considero obra de arte, por exemplo, "A Lista de Schindler", tem como essência a determinação de Steven Spielberg para mostrar as tristezas judaicas do holocausto nazista. Já em "Cinema, Aspirinas e Urubus", o ingrediente principal é o sertão nordestino e junto com um roteiro brilhante, criam um filme belo.

Já neste "A Marvada Carne", de 1985, dirigido por André Klotzel - que também dirigiu o hilário "Reflexões de um Liquidificador (2010)", a essência está no humano caipira. Na verdade, na inocência do humano caipira, que representa quem vive - ou viveu? - no interiorzão do sudeste brasileiro. De quem acredita nos personagens do nosso folclore, como a Curupira e Saci. Daquela moça que anda com Santo Antônio a tira colo, rezando por um marido. Inclusive, a tal moça, interpretada pela novinha Fernanda Torres, é um show a parte. A inocência e as estratégias da menina e as caras do Santo tornam o filme hilário.

Encontramos a essência perdida da música caipira brasileira (degradada pelo sertanejo atual), representada por Tonico e Tinoco.

Também, encontramos a essência da vida pacata, tranquila. Daquilo que tanto que se procura, mas que poucos realmente acham na vida.

A essência da inquietude humana. Daquilo que motiva as mudanças, mesmo que sejam para uma condição de vida pior, mas prezando pela liberdade.

Enfim, "A Marvada Carne" é em essência o que temos de melhor no cinema brasileiro e, quiça, mundial.

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