Pessoalmente considero João Miguel e Leandra Leal a melhor dupla de atores cinematográficos do Brasil. Os exemplos mais interessantes da obra deles, citando apenas um de cada, é o "Cinema, Aspirinas e Urubus" e dela "O Homem que Copiava".
Isso provavelmente foi razão suficiente para assistir ao filme baseado na obra de Nelson Rodrigues, "Bonitinha, mas Ordinária", na qual é protagonizada pelos dois excelentes atores.
Nelson Rodrigues consegue mostrar o que há de pior no ser-humano, tanto no sentido das líbidos quanto do convívio social. Todo personagem apresentado já tem algum desvio de conduta ou está sendo persuadido para tal. Alguns deles:
Leandra Leal, a Ritinha, prostituta.
Letícia Colin, Maria Cecília, bonitinha, mas ordinária!
Gracindo Júnior, Dr. Werneck, rico, bem sucedido, mas escroto.
Leon Góes, Peixoto, puxa saco manipulador.
Pois bem, mas o que chama mais atenção na obra do torcedor do fluminense NR - e que é muito bem retratado no filme - é que cada um tem a sua má conduta justificada socialmente, ou seja, não parece que as pessoas são más por natureza, mas suas condições sociais e familiares, ou seja, a influência do meio onde vivem as tornam más, com sérios desvios de carácter.
Parece a continuação da história do pecado original, no qual um peca e acaba persuadindo cada outro do seu convívio.
Edgar.
Edgar é um caso a parte.
Já corrompido por suas vontades, pois tenta forçosamente se aproveitar sexualmente de Maria Cecília, Edgar é o que mais sofre tentações: 5 milhões, ganhar sem trabalhar, disponibilidade sexual de uma mulher, status, tranquilidade financeira para sua mãe, etc.
Assombrado pela frase que leu "O mineiro só é solidário no câncer", ele sempre está defronte do dilema da transgressão, mas, dolorosamente consegue escapar das maiores ciladas e, acaba virando o caolho em terra de cego, ou seja, aquele que menos transgride e que acaba conseguindo quebrar o ciclo das coisas ruins, inclusive, levando consigo outras pessoas. Nosso herói.
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