Filme (3.5): "Cine Holliúdy", 2013, Ceará


   "Cine Holliúdy" cria dois fortes sentimentos antagônicos neste que escreve: o primeiro, que inclusive foi o que surgiu primeiramente durante a sessão que assisti o filme, foi dó. Sim, pena. O segundo, que corretamente veio no final do filme, foi satisfação. Pois bem, uma análise possível poderia dizer que comecei com dó e que no decorrer do filme foi se diluindo, e no fim a satisfação tomou conta e o sentimento de pena foi anulado. Né? Errado. Explicarei.

   O filme foi totalmente filmando no Ceará. Produzido por cearenses, no estado do Ceará, com cearenses e em cearencês (língua típica cearense). Brincadeira, eles falam português, mas é com um sotaque e termos tão típicos que o filme é até legendado, pois quem não é da região vai entender apenas 2/3 do que é dito. Isso é um crédito interessantíssimo do filme.
A história é muito simples, e remonta a década de 70 do nordeste brasileiro, onde a televisão começava a ocupar o espaço do entretenimento do brasileiro, que começava a deixar de lado os famosos cinemas de rua. Neste contexto, o herói do filme tenta vencer a luta contra a TV e também combater a eminente miséria de sua vida... Diga-se, miséria financeira, pois a familiar, amorosa, carinhosa, disso ele era realmente riquíssimo. Este é o resumo da história.


   O meu sentimento de dó brotou porque é claríssimo as boas intenções dos produtores, diretores e atores. Eles querem criar uma sincera obra cultural, relatando e usando o Ceará e suas qualidades como ingredientes. É muito evidente que todos estão de fato se empenhando muito para realizar uma obra que vem do coração (Clichê? É,mas é isso que senti) mas é óbvio que todo o trabalho é construído sem apoio, sem aportes. A impressão que tenho é que cada um ajudava até com dinheiro, tipo uma vaquinha, etc. Olha, fiquei com dó.

   O resultado é bom. Mas a produção é fraca.

   Para tentar ajudar a entender o meu sentimento de dó vou citar um outro filme, que vou usar como exemplo antagônico: "O Tempo e o Vento", Brasil, 2013. Este filme foi extremamente bem produzido. Com certeza contou com tudo de bom que existe no Brasil para se produzir um filme, tanto tecnicamente, quanto ao poderoso elenco, etc., porém, o resultado é plástico, sem graça, sem coração, sem, sem, sem... Olha, sem graça mesmo. 
Ou seja, uma super produção sem uma boa dose de veio artístico e vontade legítima de construir uma obra cultural perde o encanto.

   Bom, resumindo, "Cine Holliúdy" vale a pena pelo essencial. Talvez uma semente. Vale a pena. No fim, saí muito satisfeito.

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